31 de dezembro de 2014

Bueiro



Ela tem a mania de não pisar em bueiros. Anda pelas ruas desviando de todos e, às vezes, parece até que está dançando. Sozinha ou acompanhada, ela não pisa. Isso vem desde pequenina, quando a madrasta sempre alertava “Não pisa no bueiro, ele pode abrir!”, foi coisa que ficou e mesmo 15 anos depois, ela não pisa. Confessou que ao ler “It”, do Stephen King, piorou um pouco as coisas.
Tem gente que acha besteira, outros um exagero, mas verdade seja dita, nunca fez mal, muito pelo contrário. Ela sempre sente que está fazendo algo correto, que está mais segura, evitando os bueiros. Ainda mais depois de 2010, quando eles começaram a explodir no Rio de Janeiro, levantando carros e matando pessoas, um horror. Alguns cuspiam fogos, eles estavam em todos os noticiários, era “a revolta dos bueiros”, e ela sempre soube que isso iria acontecer.
Uma funcionária do seu pai, uma vez, ignorou a regra de não pisar no bueiro, era o tipo de coisa ao qual não dava atenção. Foi entrar em um hotel carioca e pisou no bueiro do esgoto, caiu. Foi feio. Uma perna só, mas o suficiente para a maior situação. Além do constrangimento do momento, ficar suja de esgoto e se machucar muito, o rasgão na perna ainda proporcionou algo que ela vai levar para o resto da vida, Hepatite C. Culpa do bueiro.
Então, em 2015, eu desejo que você não pise em bueiros. Não tenha medo de parecer dançar quando desvia deles, ou até dance ao evitá-los, porque o importante mesmo é ter consciência do que está fazendo! Feliz ano novo!

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